<font color=993366>Sacrifícios, vitórias e novas lutas</font>
Eleito há vários anos para o Conselho das Comunidades Portuguesas e por duas vezes primeiro candidato da CDU em eleições legislativas, pelo círculo eleitoral da Europa, Manuel Beja admite que em Portugal se fala menos dos emigrantes.
Dirigente do sindicato interprofissional UNIA, que conta com mais de 200 mil associados (dos quais, cerca de dez por cento possuem passaporte português), Manuel Beja recorda, neste depoimento, que a vida dos trabalhadores emigrados é sempre feita de sacrifícios e de lutas, que até chegam a ser vitoriosas.
Ultimamente, os emigrantes portugueses na Suíça não têm sido objecto de muitas notícias em Portugal. Significa isto alguma estabilização ou mesmo alguma melhoria nas suas condições de vida e de trabalho?
Também estranhamos, tanto mais que nem sempre o silêncio é um indicador de estabilidade e confiança. Em Portugal fala-se cada vez menos dos portugueses residentes no estrangeiro, a não ser que haja uma tragédia, ou a propósito de futebol.
As lutas em que os portugueses estão envolvidos – na defesa do ensino da língua e da cultura portuguesa, nos esforços desenvolvidos para uma melhoria dos serviços consulares, na defesa dos postos de trabalho e de condições laborais dignas, na denúncia dos desvios ao acordo sobre a livre circulação de pessoas firmado entre a União Europeia e a Suíça –passam despercebidas na comunicação social em Portugal.
Felizmente, a comunidade portuguesa na Suíça tem, no PCP, um forte aliado. Muitos destes casos só conseguem ter algum acompanhamento e divulgação através do nosso grupo parlamentar e da camarada Luísa Mesquita.
Soube-se, há poucos anos, da tentativa de retirar aos emigrantes na Suíça direitos em Portugal (assistência na saúde e subsídio de desemprego dos sazonais). Estão resolvidos?
Não, nem todos os problemas ficaram resolvidos. Resolvemos a escandalosa exigência, feita a sete mil reformados portugueses regressados ao País, de pagarem para os seguros privados de doença suíços.
O acesso dos trabalhadores sazonais ao subsídio de desemprego foi solucionado pela entrada em vigor do acordo bilateral UE-Suíça, embora nesta matéria outras discriminações se coloquem ainda. É difícil fazer compreender, ao Governo, que Portugal e os trabalhadores sazonais estão a perder anualmente milhões de euros, ou de francos suíços, pelo facto dos negociadores não terem capacidade para resolverem um problema que há muito deveria estar decidido no âmbito da União Europeia.
Apesar de todas as adversidades, houve uma importante conquista, em 2002: a reforma antecipada aos 60 anos para os trabalhadores da construção civil, sem perda de direitos.
Foi uma grande vitória. Hoje, entre milhares de reformados, algumas centenas de portugueses estão a beneficiar dessa importante conquista. Foi uma luta extremamente difícil, mas, como comunista, sinto a grande alegria de contribuir para uma solução justa em benefício de quem tão duramente trabalhou.
Actualmente, temos em mãos outros projectos de reforma antecipada, como o referendo nacional, no próximo Outono, a favor de uma reforma flexível, para todos, aos 62 anos de idade.
São de esperar outras notícias boas dos emigrantes na Suíça?
É preciso não esquecer que as notícias da emigração falam sempre de sacrifícios, por parte de quem trabalha, de quem luta e não se deixa adormecer à volta dos vendedores de sonhos pagos pelo grande capital. Na Suíça, há mais de quinze anos que os valores reais dos nossos salários não são aumentados. Isso aconteceu em 1990, no tempo das chamadas vacas gordas. Desde então, os aumentos salariais tiveram pouco significado, nem sequer deram para cobrir os sucessivos desníveis do custo de vida. Os trabalhadores perderam nestes últimos anos, enquanto patrões e administradores encheram os bolsos com milhões de francos. Por isso, temos necessidade de dar uma resposta, num momento em que a conjectura económica nos é favorável.
Assim, no próximo dia 23 de Setembro, sábado, em Berna, na Praça Federal, vamos exigir um aumento substancial de salário, a rondar os quatro por cento, seguindo as orientações dos sindicatos suíços. Os comunistas e outros trabalhadores portugueses na Suíça vão, também, estar presentes.
Ultimamente, os emigrantes portugueses na Suíça não têm sido objecto de muitas notícias em Portugal. Significa isto alguma estabilização ou mesmo alguma melhoria nas suas condições de vida e de trabalho?
Também estranhamos, tanto mais que nem sempre o silêncio é um indicador de estabilidade e confiança. Em Portugal fala-se cada vez menos dos portugueses residentes no estrangeiro, a não ser que haja uma tragédia, ou a propósito de futebol.
As lutas em que os portugueses estão envolvidos – na defesa do ensino da língua e da cultura portuguesa, nos esforços desenvolvidos para uma melhoria dos serviços consulares, na defesa dos postos de trabalho e de condições laborais dignas, na denúncia dos desvios ao acordo sobre a livre circulação de pessoas firmado entre a União Europeia e a Suíça –passam despercebidas na comunicação social em Portugal.
Felizmente, a comunidade portuguesa na Suíça tem, no PCP, um forte aliado. Muitos destes casos só conseguem ter algum acompanhamento e divulgação através do nosso grupo parlamentar e da camarada Luísa Mesquita.
Soube-se, há poucos anos, da tentativa de retirar aos emigrantes na Suíça direitos em Portugal (assistência na saúde e subsídio de desemprego dos sazonais). Estão resolvidos?
Não, nem todos os problemas ficaram resolvidos. Resolvemos a escandalosa exigência, feita a sete mil reformados portugueses regressados ao País, de pagarem para os seguros privados de doença suíços.
O acesso dos trabalhadores sazonais ao subsídio de desemprego foi solucionado pela entrada em vigor do acordo bilateral UE-Suíça, embora nesta matéria outras discriminações se coloquem ainda. É difícil fazer compreender, ao Governo, que Portugal e os trabalhadores sazonais estão a perder anualmente milhões de euros, ou de francos suíços, pelo facto dos negociadores não terem capacidade para resolverem um problema que há muito deveria estar decidido no âmbito da União Europeia.
Apesar de todas as adversidades, houve uma importante conquista, em 2002: a reforma antecipada aos 60 anos para os trabalhadores da construção civil, sem perda de direitos.
Foi uma grande vitória. Hoje, entre milhares de reformados, algumas centenas de portugueses estão a beneficiar dessa importante conquista. Foi uma luta extremamente difícil, mas, como comunista, sinto a grande alegria de contribuir para uma solução justa em benefício de quem tão duramente trabalhou.
Actualmente, temos em mãos outros projectos de reforma antecipada, como o referendo nacional, no próximo Outono, a favor de uma reforma flexível, para todos, aos 62 anos de idade.
São de esperar outras notícias boas dos emigrantes na Suíça?
É preciso não esquecer que as notícias da emigração falam sempre de sacrifícios, por parte de quem trabalha, de quem luta e não se deixa adormecer à volta dos vendedores de sonhos pagos pelo grande capital. Na Suíça, há mais de quinze anos que os valores reais dos nossos salários não são aumentados. Isso aconteceu em 1990, no tempo das chamadas vacas gordas. Desde então, os aumentos salariais tiveram pouco significado, nem sequer deram para cobrir os sucessivos desníveis do custo de vida. Os trabalhadores perderam nestes últimos anos, enquanto patrões e administradores encheram os bolsos com milhões de francos. Por isso, temos necessidade de dar uma resposta, num momento em que a conjectura económica nos é favorável.
Assim, no próximo dia 23 de Setembro, sábado, em Berna, na Praça Federal, vamos exigir um aumento substancial de salário, a rondar os quatro por cento, seguindo as orientações dos sindicatos suíços. Os comunistas e outros trabalhadores portugueses na Suíça vão, também, estar presentes.